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Para a Índia, estas conversas desclassificadas não são revelações, mas sim uma confirmação internacional de uma posição de longa data: os activos nucleares do Paquistão sempre foram um passivo de segurança global
Em 2004, AQ Khan admitiu operar um mercado negro global que fornecia designs e materiais de centrífugas nucleares ao Irão, à Líbia e à Coreia do Norte – uma revelação que prejudicou significativamente a relação Bush-Putin. Imagem: Departamento de Estado dos EUA
O Arquivo de Segurança Nacional divulgou uma coleção de transcrições literais desclassificadas detalhando as conversas privadas entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA. George W. Bush de 2001 a 2008. Os documentos expõem uma ansiedade partilhada e profunda em relação à estabilidade nuclear do Paquistão, com Putin a famosa descrição da nação como “apenas uma junta com armas nucleares” durante a sua primeira reunião pessoal na Eslovénia, em Junho de 2001.
A ‘Junta’ e a dor de cabeça da proliferação
As transcrições revelam que, embora os Estados Unidos construíssem publicamente uma estreita parceria pós-11 de Setembro com o Presidente Pervez Musharraf para o combate ao terrorismo, ambos os líderes mundiais viam, em privado, o seu regime como um grande risco de não proliferação. Putin foi particularmente contundente, criticando o Ocidente pela sua falta de pressão democrática sobre Islamabad. A sombra de AQ Khan, o pai do programa nuclear do Paquistão, paira sobre estes documentos. Em 2004, Khan admitiu operar um mercado negro global que fornecia projetos e materiais de centrífugas nucleares para o Irã, a Líbia e a Coreia do Norte.—uma revelação que prejudicou significativamente a relação Bush-Putin.
Transcrição da conversa
Uma das trocas mais reveladoras ocorreu durante uma discussão sobre os laboratórios nucleares clandestinos do Irão e a sua ligação inegável com a tecnologia paquistanesa:
Presidente Putin: “Mas não está claro o que os laboratórios (Irã) têm, onde estão… A cooperação com o Paquistão ainda existe”.
Presidente Bush: “Conversei com Musharraf sobre isso. Disse a ele que estamos preocupados com transferências para o Irã e a Coreia do Norte. Eles colocaram AQ Khan na prisão e alguns de seus amigos. Em prisão domiciliar. Queremos saber o que eles disseram. Continuo lembrando Musharraf disso. Ou ele não está recebendo nada ou não está sendo acessível.”
Presidente Putin: “Pelo que entendi, encontraram urânio de origem paquistanesa nas centrífugas”.
Presidente Bush: “Sim, as coisas que os iranianos esqueceram de contar à AIEA. Isso é uma violação.”
Presidente Putin: “Era de origem paquistanesa. Isso me deixa nervoso.”
Presidente Bush: “Isso também nos deixa nervosos.”
Presidente Putin: “Pense em nós.”
Presidente Bush: “Não precisamos de muitos fanáticos religiosos com armas nucleares. É isso que o Irã tem para governar o país.”
Perspectiva de inteligência: um precedente perigoso
Para a Índia, estas admissões desclassificadas não são revelações, mas sim uma confirmação internacional de uma posição de longa data: que os activos nucleares do Paquistão sempre foram um passivo para a segurança global. Fontes de inteligência indianas disseram à CNN-News18 que o risco é institucional e não limitado ao episódio “desonesto” de AQ Khan. As transcrições validam a visão de que a proliferação ocorreu sob protecção estatal e controlo militar, com supervisão civil mínima.
Na perspectiva de Nova Deli, a decisão dos EUA de dar prioridade à cooperação antiterrorista em detrimento da responsabilização nuclear protegeu efectivamente o Paquistão das consequências das suas acções. Isto criou um precedente perigoso, encorajando o sistema de segurança paquistanês e aumentando indirectamente o risco de “vazamento” radiológico ou nuclear durante futuros impasses militares. Para as agências indianas, a intersecção entre o comando militar do Paquistão e os ecossistemas radicais islâmicos continua a ser o principal perigo para a estabilidade regional.
26 de dezembro de 2025, 06h30 IST
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