Analistas alertam que a designação “terrorista” do EGC pelos EUA poderá aumentar a violência e dificultar as negociações de paz na Colômbia.
Bogotá, Colômbia – O Departamento de Estado dos Estados Unidos designou o maior grupo criminoso da Colômbia, o Exército Gaitanista da Colômbia (EGC), como uma “organização terrorista”.
O EGC, também conhecido como Clã do Golfoestá presente em toda a Colômbia e é conhecido por seu envolvimento no tráfico de drogas, mineração ilegal e extorsão.
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“Hoje, o Departamento de Estado está designando o Clan del Golfo como uma Organização Terrorista Estrangeira (FTO) e um Terrorista Global Especialmente Designado (SDGT)”, dizia uma declaração do Secretário de Estado dos EUA. Marco Rubio divulgado na manhã de terça-feira.
“Sediado na Colômbia, o Clan del Golfo é uma organização criminosa violenta e poderosa com milhares de membros… responsável por ataques terroristas contra funcionários públicos, agentes da lei, militares e civis na Colômbia”, continua o comunicado.
No ano passado, a administração Biden impôs sanções financeiras aos principais membros do EGC, mas não chegou a classificá-lo como uma organização terrorista.
Washington designou anteriormente outros grupos armados colombianos activos como FTOs, incluindo o Exército de Libertação Nacional (ELN) e facções dissidentes das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Sob a designação FTO, os tribunais dos EUA podem sancionar qualquer indivíduo ou organização considerada como prestadora de assistência ou ligada ao EGC.
A medida aumentará as oportunidades de romper os laços entre o grupo e a empresa privada, segundo analistas.
“Esta é uma organização que tem tentáculos profundos no mundo dos negócios”, disse Elizabeth Dickinson, vice-diretora para a América Latina do International Crisis Group, acrescentando: “ela abre algumas linhas interessantes de investigação, por exemplo, em lavagem de dinheiro e facilitação e logística”.
Mas os especialistas também alertam que a medida de Washington poderá minar as negociações de paz em curso entre a EGC e o Estado colombiano, mediadas pelo governo do Qatar. Em 5 de dezembro, a Colômbia assinou um acordo em Doha com a EGC para iniciar um processo de paz visando o desarmamento da EGC.
“A designação do EGC e da sua estrutura de comando como terroristas torna quase impossível continuar estas conversações fora do país com garantias de segurança”, disse Gerson Arias, investigador de conflitos e segurança da Ideas for Peace Foundation, um think tank colombiano.
Ele acrescentou que isso complica as discussões sobre extradições, um ponto-chave de discórdia nas negociações em curso. Segundo Arias, a designação FTO elimina efectivamente a possibilidade de o Estado colombiano fornecer garantias de que não irá extraditar os líderes do EGC para uma prisão dos EUA.
Na semana passada, o negociador-chefe do grupo, Alvaro Jimenez, disse à Reuters que os comandantes do grupo provavelmente enfrentariam pena de prisão num potencial acordo, aumentando os riscos para garantias de não extradição.
Um colapso nas negociações poderia intensificar o conflito entre o Estado e o EGC, de acordo com Dickinson, do Crisis Group: “Se as conversações de paz terminassem… penso que isso levaria a uma escalada da violência em todo o norte do país, particularmente.”
No início deste ano, o EGC matou dezenas de funcionários da segurança do Estado numa campanha direccionada.
Mas Dickinson sublinhou que a designação FTO não exclui negociações de paz, citando o acordo bem sucedido de 2016 com as FARC, que era então uma FTO designada pelos EUA.
“Não vamos nos precipitar por enquanto… o importante é que a Colômbia terá que dar um passo atrás e decidir como proceder com as negociações”, disse o analista à Al Jazeera.


















