As expectativas em relação à queda nos preços das matérias-primas agrícolas, como milho, soja e trigo, apontam para um alívio nos custos para a maioria das empresas brasileiras que processam esses insumos. Segundo um relatório da Fitch Ratings, a redução moderada prevista para 2024 não deve impactar as classificações das empresas do setor no Brasil, podendo inclusive melhorar suas métricas de crédito.
Espera-se que a redução de preços traga benefícios significativos, variando conforme o segmento de mercado em que as empresas operam. Por exemplo, empresas que atuam na produção de etanol de milho, proteínas de aves e suínos, bem como fabricantes de massas e biscoitos, poderiam ver melhorias nos margens de EBITDA, redução nas necessidades de capital de giro e, possivelmente, uma diminuição no endividamento. A FS Indústria de Combustíveis Ltda., uma produtora de etanol de milho, prevê uma recuperação do EBITDA para 26% no exercício de 2024/2025, após uma queda para 13% no período anterior, em resposta a uma redução de 25% no custo do milho.
No entanto, empresas que comercializam grãos e cooperativas agrícolas podem enfrentar um ambiente de menor demanda por liquidez. A Fitch também alerta para um possível aumento nas taxas de inadimplência e renegociação de contratos devido a condições de mercado mais desafiadoras para os produtores.
O relatório cita um estudo do Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avanzados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), que registrou uma queda de 25% no preço de um saco de milho de 60 quilos em 2023. Além disso, a Fitch projeta uma redução adicional de 5% em 2024. Tanto o saco de soja quanto a tonelada de trigo também tiveram quedas significativas no ano passado, com previsões indicando que a tendência de baixa deve continuar.
Esse panorama sugere um potencial alívio nos custos e um impacto positivo nas operações financeiras das empresas brasileiras que dependem de matérias-primas agrícolas, apesar dos desafios que permanecem no horizonte econômico.