A União Europeia disse ontem que seus aliados compartilharam informações “confiáveis” de que o Irã havia fornecido mísseis balísticos à Rússia, uma alegação rejeitada por Teerã, mas não negada explicitamente pelo Kremlin.
Meios de comunicação dos EUA relataram na semana passada que Washington acreditava que o Irã havia transferido as armas para a Rússia para uso na Ucrânia, citando fontes anônimas.
“Estamos cientes das informações confiáveis fornecidas pelos aliados sobre a entrega de mísseis balísticos iranianos à Rússia”, disse o porta-voz da UE, Peter Stano.
“Estamos investigando mais a fundo com nossos estados-membros e, se confirmada, essa entrega representaria uma escalada substancial no apoio do Irã à guerra ilegal de agressão da Rússia contra a Ucrânia.”
Stano acrescentou que “a posição unânime dos líderes da UE sempre foi clara. A União Europeia responderá rapidamente e em coordenação com parceiros internacionais, incluindo novas e significativas medidas restritivas contra o Irã”.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã rejeitou veementemente as acusações.
O Ocidente vem alertando Teerã contra o envio de mísseis à Rússia há meses, e a UE já impôs sanções repetidamente ao Irã por fornecer drones a Moscou para a guerra na Ucrânia.
“Rejeitamos veementemente as alegações sobre o papel do Irã na exportação de armas para um lado da guerra”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanani, durante uma entrevista coletiva semanal.
O Kremlin não negou na segunda-feira quando questionado especificamente sobre a reportagem do Wall Street Journal de que o Irã havia enviado mísseis.
“Vimos esse relatório, mas não é sempre que esse tipo de informação é verdadeira”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
“O Irã é nosso parceiro importante, estamos desenvolvendo nossas relações comerciais e econômicas, estamos desenvolvendo nossa cooperação e diálogo em todas as áreas possíveis, incluindo as áreas mais sensíveis.”
Os Estados Unidos disseram que qualquer entrega provocaria uma resposta “severa” e prejudicaria os esforços de Teerã para melhorar as relações com o Ocidente após a eleição do reformista Masoud Pezeshkian como presidente.
Diante das sanções ocidentais punitivas, Moscou recorreu ao Irã e à Coreia do Norte em busca de suprimentos de armas para manter sua máquina de guerra funcionando na Ucrânia.
A Ucrânia diz que tem sido atacada com drones Shahed de design iraniano quase diariamente pela Rússia e que encontrou fragmentos de mísseis norte-coreanos em seu território.
A entrega relatada de mísseis à Rússia ocorre no momento em que o Kremlin mais uma vez intensificou sua campanha de bombardeios contra a principal infraestrutura da Ucrânia antes do inverno.