Forças de segurança moçambicanas são vistas junto a uma barricada em chamas em Maputo, em 24 de dezembro de 2024. Foto: AFP
“>
Forças de segurança moçambicanas são vistas junto a uma barricada em chamas em Maputo, em 24 de dezembro de 2024. Foto: AFP
Mais de 1.500 prisioneiros escaparam quarta-feira de uma prisão de Maputo, aproveitando o terceiro dia de agitação desencadeado pela controversa confirmação do partido Frelimo, há muito no poder, como vencedor das recentes eleições.
Um total de 1.534 detidos escaparam da prisão de segurança máxima localizada a cerca de 15 quilómetros da capital, disse o chefe da Polícia Nacional, Bernardino Rafael, em conferência de imprensa.
Entre os que tentaram escapar, 33 foram mortos e 15 ficaram feridos em confrontos com funcionários penitenciários, acrescentou.
Uma operação de busca, apoiada pelo exército, levou à prisão de cerca de 150 fugitivos, disse ele.
Cerca de 30 dos prisioneiros estavam ligados a grupos armados que estiveram por trás de distúrbios e ataques na província de Cabo Delgado, no norte, nos últimos sete anos.
“Estamos particularmente preocupados com esta situação”, disse Rafael.
O mais alto tribunal do país africano de língua portuguesa confirmou na segunda-feira que a Frelimo, no poder desde 1975, venceu as eleições presidenciais de 9 de Outubro que já tinham desencadeado semanas de agitação.
Grupos de manifestantes aproximaram-se quarta-feira da penitenciária, criando confusão e provocando distúrbios no interior da prisão, onde os reclusos acabaram por derrubar um muro por onde escaparam, explicou.
Barricadas permaneceram erguidas em várias áreas da capital na quarta-feira, limitando os movimentos, enquanto os atos de vandalismo continuavam.
Além de lojas e edifícios públicos que já foram saqueados na segunda-feira, ambulâncias foram incendiadas junto com uma drogaria e outros negócios, segundo um correspondente da AFP.
Alguns manifestantes também montaram mesas nas ruas para ocupar o espaço enquanto celebravam o Natal com a família ou vizinhos, testemunhou um jornalista da AFP em vários bairros populares de Maputo.
A confirmação do resultado eleitoral de segunda-feira ocorreu apesar das alegações de irregularidades por parte de muitos observadores.
O líder da Frelimo, Daniel Chapo, obteve 65,17 por cento dos votos, cerca de cinco pontos menos que os resultados iniciais declarados pela comissão eleitoral do país.
O principal adversário de Chapo, o líder da oposição exilado Venâncio Mondlane, alegou que as eleições foram fraudadas, provocando receios de violência entre apoiantes de partidos rivais.
Os distúrbios já custaram a vida a pelo menos 150 pessoas, segundo vários relatórios de ONG.