O governo francês enfrentou ontem um voto de desconfiança que poderá significar o fim da administração do primeiro-ministro Michel Barnier, mergulhando o país em águas desconhecidas.
A derrubada do governo Barnier, após apenas três meses no cargo, apresentaria ao Presidente Emmanuel Macron a escolha nada invejável de escolher um sucessor viável quando faltassem mais de dois anos para o seu mandato presidencial.
A câmara baixa da Assembleia Nacional deverá debater duas moções apresentadas pela extrema esquerda e pela extrema direita num impasse sobre o orçamento de austeridade do próximo ano, depois de o primeiro-ministro ter forçado na segunda-feira a aprovação de um projeto de lei de financiamento da segurança social sem votação.
A moção apresentada pela extrema direita Reunião Nacional (RN) da três vezes candidata presidencial Marine Le Pen deverá ser rejeitada.
Mas Le Pen disse que as suas forças apoiariam a moção da esquerda, dando-lhe números suficientes para ser aprovada numa votação noturna que poderia derrubar um governo francês pela primeira vez em mais de 60 anos.
Esperava-se que Macron encerrasse sua visita de Estado de três dias à Arábia Saudita e retornasse a Paris no final do dia.
Ainda a um mundo de distância da crise, na quarta-feira ele passeou pelas areias desérticas do oásis de Al-Ula, um projeto turístico icônico do reino, maravilhando-se com marcos antigos.
Na terça-feira, Macron acusou a extrema direita de Le Pen de “cinismo insuportável” ao apoiar a moção.