Os líderes do G20 reunidos ontem na África do Sul saudaram o multilateralismo – mesmo enquanto lutavam para se adaptar a uma ordem mundial em mudança, assolada pelas políticas dos EUA, pelas guerras e pelo aprofundamento das rivalidades geopolíticas.

O último dia da cimeira do fim de semana – boicotada pelos Estados Unidos – começou com uma discussão aprofundada sobre como o G20 pode sobreviver num mundo fragmentado.

“Não estamos a viver uma transição, mas sim uma ruptura”, reconheceu o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, aos jornalistas pouco antes da sessão da cimeira.

“Demasiados países estão a recuar para blocos geopolíticos ou para campos de batalha do protecionismo”, disse ele, mas acrescentou: “Em cada ruptura reside a responsabilidade de construir – a nostalgia não é uma estratégia”.

Dezenas de líderes das principais economias de todo o mundo – incluindo Europa, China, Índia, Japão, Turquia, Brasil e Austrália – participaram na cimeira, a primeira a ser realizada em África. O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, desprezou o evento, dizendo que as prioridades da África do Sul – incluindo a cooperação no comércio e no clima – eram contrárias às suas políticas.

Os EUA estão a retirar-se dos fóruns multilaterais à medida que alimentam a volatilidade comercial com tarifas abrangentes e revertem compromissos de combate ao aquecimento global. Numa declaração conjunta do G20 emitida no sábado, os líderes presentes afirmaram que se reuniam “num contexto de crescente concorrência e instabilidade geopolítica e geoeconómica, conflitos e guerras intensificados, aprofundamento da desigualdade, aumento da incerteza e fragmentação económica global”.

Source link