A enviada especial da ONU para Mianmar denunciou na terça-feira o que chamou de “mentalidade de soma zero” entre os envolvidos no conflito de longa data no país, dizendo que apenas o fim da violência abriria a porta para a reconciliação.
Julie Bishop fez os comentários em seu primeiro discurso a um comitê da Assembleia Geral da ONU desde que foi nomeada para o cargo em abril.
Os militares de Mianmar, que tomaram o poder num golpe de Estado em 2021, enfrentaram combates intensificados no ano passado por parte de grupos armados em todo o país do Sudeste Asiático, especialmente uma aliança de grupos étnicos rebeldes.
“Os actores de Mianmar devem ir além da actual mentalidade de soma zero. Pode haver pouco progresso na resposta às necessidades do povo enquanto o conflito armado continuar em todo o país”, disse Bishop.
“Qualquer caminho para a reconciliação exige o fim da violência, a responsabilização e o acesso irrestrito da ONU e dos seus parceiros”, especialmente dos grupos marginalizados, como a etnia maioritariamente muçulmana Rohingya, acrescentou.
“O conflito de Mianmar corre o risco de se tornar uma crise esquecida. O povo de Mianmar, tendo sofrido tanto, merece coisa melhor.”
Bishop, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, disse que todos os envolvidos no conflito concordam que “o sofrimento humano atingiu níveis sem precedentes”, destacando a situação dos 3,4 milhões de pessoas deslocadas pelos combates. A enviada da ONU disse que pôde visitar Mianmar e se encontrou com o chefe da junta, Min Aung Hlaing.
Bishop também se reuniu com representantes de grupos étnicos rebeldes e de vários partidos políticos, incluindo o da detida Aung San Suu Kyi.