As inundações no estado do Rio Grande do Sul em maio causaram perdas significativas ao setor avícola brasileiro em várias regiões, especialmente na área central, conforme aponta um relatório de mercado recente da Cepea. As fortes chuvas e as enchentes resultantes não só interromperam a rotina de produção, mas também provocaram uma série de desafios logísticos que afetaram a cadeia de abastecimento do setor.
Os participantes da pesquisa realizada pela Cepea relataram que as inundações e a destruição de pontes e estradas complicaram o recebimento de insumos essenciais para a produção avícola, como milho e farelo de soja. Esses insumos são cruciais para a alimentação das aves e, sem eles, muitas fazendas enfrentam dificuldades para manter a produção em níveis normais.
Além disso, agentes de frigoríficos entrevistados pela Cepea indicaram que várias instalações de abate foram diretamente afetadas pelas enchentes. Em alguns casos, as unidades de processamento foram inundadas, causando a interrupção das operações. Em outros casos, as instalações não puderam receber novos lotes de animais devido aos problemas logísticos, exacerbando ainda mais a crise. O transporte de carne, uma etapa crucial para a distribuição do produto final, também sofreu interrupções significativas, afetando a entrega tanto no mercado interno quanto nas exportações.
A falta de eletricidade em diversas regiões agravou ainda mais a situação. No setor avícola, a iluminação noturna é essencial para o bem-estar das aves, e a refrigeração adequada nas instalações de processamento é vital para manter a qualidade e a segurança do produto. Sem eletricidade, muitos produtores enfrentaram dificuldades para manter essas condições, o que pode levar a perdas adicionais.
Além das dificuldades logísticas e de produção, as inundações também tiveram um impacto econômico significativo. De acordo com dados do IBGE, o Rio Grande do Sul foi responsável por 11,4% dos animais abatidos no Brasil em 2023, destacando-se como um player importante no mercado nacional. Além disso, o estado é um dos maiores exportadores de carne de frango, representando 14,8% do volume total exportado pelo Brasil no ano passado. As interrupções na produção e na logística, portanto, não afetam apenas o mercado interno, mas também a reputação e a competitividade do Brasil no mercado internacional de carne de frango.
As autoridades locais e os representantes do setor têm trabalhado para mitigar os impactos das inundações. Medidas emergenciais estão sendo implementadas para restaurar as infraestruturas danificadas, como pontes e estradas, e para garantir o fornecimento de eletricidade às áreas afetadas. No entanto, a recuperação completa pode levar tempo, e muitos produtores continuam enfrentando desafios diários para manter suas operações.
Em suma, as inundações no Rio Grande do Sul em maio causaram um impacto profundo e multifacetado no setor avícola brasileiro. Desde dificuldades logísticas e interrupções na produção até perdas econômicas significativas, o setor enfrenta uma série de desafios que exigem uma resposta coordenada e eficaz para garantir a continuidade da produção e a recuperação das áreas afetadas.