As inundações repentinas mais mortíferas da história moderna de Espanha mataram pelo menos 211 pessoas e dezenas ainda estão desaparecidas, quatro dias depois de chuvas torrenciais terem varrido a região oriental de Valência, disse ontem o primeiro-ministro Pedro Sánchez.
Numa declaração televisiva, Sanchez disse que o governo estava a enviar mais 5.000 soldados do exército para ajudar nas buscas e limpeza, além dos 2.500 soldados já destacados.
“É a maior operação das Forças Armadas na Espanha em tempos de paz”, disse Sánchez. “O governo vai mobilizar todos os recursos necessários enquanto forem necessários.”
A tragédia já é o pior desastre relacionado com inundações na Europa desde 1967, quando pelo menos 500 pessoas morreram em Portugal.
As esperanças de encontrar sobreviventes aumentaram quando as equipes de resgate encontraram uma mulher viva após três dias presa em um estacionamento em Montcada, Valência. Os moradores aplaudiram quando o chefe da proteção civil, Martin Perez, anunciou a notícia.
Entretanto, os voluntários afluíram ao centro da Cidade das Artes e das Ciências de Valência para a primeira limpeza coordenada organizada pelas autoridades regionais. O local foi transformado no centro nevrálgico da operação.
No subúrbio de Picanya, em Valência, a lojista Emilia, 74, disse à Reuters no sábado: “Nos sentimos abandonados, há muitas pessoas que precisam de ajuda. Não é só a minha casa, são todas as casas e estamos jogando fora os móveis, estamos jogando tudo fora.
“Quando é que vai chegar a ajuda para ter frigoríficos e máquinas de lavar? Porque não conseguimos nem lavar a roupa e nem tomar banho.”
A enfermeira Maria José Gilabert, 52 anos, que também mora em Picanya, disse: “Estamos arrasados porque não há muita luz para ser vista aqui neste momento, não porque eles não vêm ajudar, eles vêm de toda a Espanha, mas porque levará muito tempo até que esta se torne uma área habitável novamente.”
A tempestade desencadeou um novo alerta meteorológico nas Ilhas Baleares, Catalunha e Valência, onde as chuvas deverão continuar durante o fim de semana.
Os cientistas afirmam que os fenómenos meteorológicos extremos estão a tornar-se mais frequentes na Europa e noutros locais, devido às alterações climáticas. Os meteorologistas acreditam que o aquecimento do Mediterrâneo, que aumenta a evaporação da água, desempenha um papel fundamental no agravamento das chuvas torrenciais.