A eletricidade foi restaurada em metade de Havana, informou ontem a companhia de energia da capital cubana, quatro dias após o início de um apagão nacional que as autoridades têm lutado para resolver.
A energia caiu para os 10 milhões de habitantes da ilha comunista na sexta-feira, depois que o colapso da maior usina de energia do país paralisou a rede.
O governo disse que a eletricidade deverá ser restaurada na maior parte do país até o final de segunda-feira.
“Cerca de 50% dos clientes” agora têm energia, disse a companhia elétrica de Havana em um relatório publicado pelo portal de notícias estatal Cubadebate.
Em meio a preocupações com a instabilidade, o presidente Miguel Diaz-Canel alertou no domingo que seu governo não toleraria tentativas de “perturbar a ordem pública”.
Em Julho de 2021, os apagões provocaram uma onda de indignação pública sem precedentes, com milhares de cubanos a sair às ruas e a gritar slogans como “Liberdade!” e “Estamos com fome”.
Cuba ainda estava banhada pela escuridão no domingo, quando o furacão Oscar atingiu sua parte oriental às 17h50, horário local (21h50 GMT), como uma tempestade de categoria 1.
Ele enfraqueceu e se transformou em uma tempestade tropical à medida que avançava para o interior, disse o Centro Nacional de Furacões dos EUA, provocando ondas de até 13 pés (quatro metros) de altura ao longo da costa leste.
Telhados e paredes de casas foram danificados e postes de eletricidade e árvores foram derrubados, informou a televisão estatal.
INFRAESTRUTURA DECÉPITA
A rede eléctrica falhou numa reacção em cadeia na sexta-feira devido ao encerramento inesperado da maior das oito decrépitas centrais eléctricas alimentadas a carvão da ilha, de acordo com o chefe do fornecimento de electricidade do Ministério da Energia, Lazaro Guerra.
A energia foi brevemente restaurada no domingo para algumas centenas de milhares de habitantes antes que a rede falhasse novamente, de acordo com a concessionária nacional de energia elétrica UNE.
As autoridades suspenderam as aulas e atividades comerciais até quarta-feira, mantendo-se apenas operacionais os hospitais e serviços essenciais.
Para reforçar a sua rede, Cuba alugou sete centrais eléctricas flutuantes a empresas turcas e também adicionou muitos pequenos geradores movidos a diesel.
Díaz-Canel atribuiu a situação às dificuldades de Cuba em adquirir combustível para as suas centrais eléctricas, o que atribuiu ao endurecimento, durante a presidência de Donald Trump, de um embargo comercial dos EUA de seis décadas.
Mas a ilha está no meio de um mal-estar económico mais amplo – a pior crise económica, segundo os especialistas, desde o colapso da União Soviética, que subsidiou fortemente Cuba e ali estacionou tropas como elemento vital da sua estratégia da Guerra Fria contra o Estados Unidos.
“Os cubanos estão cansados de tanta coisa… Não há vida aqui, (as pessoas) não aguentam mais”, disse Serguei Castillo, um pedreiro de 68 anos.