O Papa Francisco se ofereceu para dar refúgio em território do Vaticano à ex-líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, informou a mídia italiana na terça-feira.
“Pedi a libertação de Aung San Suu Kyi e conheci seu filho em Roma. Propus ao Vaticano dar-lhe abrigo em nosso território”, disse o papa, de acordo com um relato de encontros com jesuítas na Ásia durante sua viagem para lá no início deste mês.
O jornal Corriere della Sera publicou um artigo do padre italiano Antonio Spadaro com trechos desses encontros privados, que aconteceram na Indonésia, Timor Leste e Cingapura entre 2 e 13 de setembro.
“Não podemos ficar em silêncio sobre a situação em Mianmar hoje. Precisamos fazer alguma coisa”, teria dito o papa.
“O futuro do seu país deve ser de paz, baseado no respeito pela dignidade e pelos direitos de todos e no respeito por um sistema democrático que permita que todos contribuam para o bem comum.”
Suu Kyi, 78, está cumprindo uma pena de 27 anos de prisão por acusações que vão desde corrupção até desrespeito às restrições da pandemia de Covid.
Em 2015, sua Liga Nacional para a Democracia venceu a primeira eleição democrática de Mianmar em 25 anos.
Ela foi presa pelos militares quando eles deram um golpe em 2021 e, segundo a mídia local, ela estaria sofrendo de problemas de saúde na detenção.
O ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1991 já foi aclamado como um exemplo dos direitos humanos.
Mas ela caiu em desgraça entre os apoiadores internacionais em 2017, acusada de não fazer nada para impedir o exército de perseguir a minoria muçulmana Rohingya do país.
A repressão é objeto de uma investigação de genocídio em andamento das Nações Unidas e a perseguição continua, de acordo com refugiados rohingyas no vizinho Bangladesh.
Mianmar, de maioria budista, está em crise desde o golpe de 2021, com a junta lutando contra grupos rebeldes étnicos estabelecidos e novas forças pró-democracia.