Nos jardins do castelo do Parque Muskauer, que se estende por ambas as margens da fronteira entre a Alemanha e a Polônia, os zeladores se mobilizaram para lutar contra os impactos das mudanças climáticas.

No toco de um carvalho de 150 anos, roído por parasitas e derrubado por uma tempestade, um novo broto representa a esperança da propriedade de se adaptar ao aumento das temperaturas e às secas mais frequentes.

Como parte de um projeto de “regeneração natural”, a muda foi enxertada em sua antecessora caída por jardineiros, no primeiro passo para substituir as árvores perdidas do parque listado pela UNESCO.

O carvalho jovem “se beneficiará das raízes da árvore velha e será mais resistente às ameaças”, disse a jardineira Jana Kretschmer à AFP.

Ao transmitir seu DNA para as novas mudas, as árvores mais velhas “ensinam” seus descendentes a se adaptar a condições menos hospitaleiras.

“A natureza mostra o caminho, os humanos só precisam olhar”, disse Kretschmer.

A seca e as pragas estão entre os assassinos silenciosos incentivados pelas mudanças climáticas, que enfraquecem as plantas e começaram a dizimar a flora dos parques em ambos os lados do rio Neisse.

Cerca de 180 faias, freixos e carvalhos tiveram que ser derrubados no ano passado.

“Todos os anos, desde 2018, temos que cortar mais e mais árvores”, disse Kretschmer, vice-gerente do local, que lamentou a perda de inúmeras árvores antigas como uma “catástrofe”.

CUIDADOS NATURAIS

Em junho, 15 propriedades alemãs apresentaram seus planos para proteger seus jardins contra os impactos das mudanças climáticas.

No Parque Muskauer, os zeladores estão apostando no método tradicional de regeneração natural para aumentar a contagem de árvores.

Importar espécies de árvores mais resistentes seria uma opção, mas não seria “nem sustentável, nem inteligente”, disse o gerente do parque, Cord Panning.

Além disso, uma abordagem de regeneração natural promete economia em dois bens escassos: dinheiro e água.

Seguindo o método, os cuidadores selecionam os melhores espécimes jovens para plantá-los no lugar de árvores velhas, evitando engenharia genética ou qualquer transplante estrangeiro.

Com o tempo, eles esperam restaurar praticamente todas as árvores do jardim do século XIX que foram perdidas e derrubadas.

Entre as pragas que assolaram as árvores do Parque Muskauer estão o fungo tinder e o besouro da casca.

“Normalmente, quando você percebe, já é tarde demais”, disse Kretschmer.

Longos períodos de seca entre 2018 e 2020 não ajudaram em nada a situação, deixando as árvores ainda mais vulneráveis ​​a ataques.

INVASÃO DE FUNGOS

Mais ao sul, na Alemanha, no Palácio de Nymphenburg, em Munique, a disseminação do fungo phytophthora e de espécies invasoras de visco estão privando as árvores de água.

“As árvores estão sofrendo estresse hídrico, mesmo em anos em que há chuvas suficientes”, disse Michael Degle, arquiteto paisagista do palácio.

O parque de Munique conta com um sistema de “manejo sustentável de árvores” desde 2018, que emprega sensores de umidade e novas técnicas de poda.

O projeto contribui para os esforços conjuntos de mais de uma dúzia de parques de jardins na Alemanha, incluindo o Parque Muskauer, para desenvolver respostas eficazes às mudanças climáticas.

Mas o trabalho deles está “atingindo seus limites”, de acordo com o relatório de junho do grupo.

Atualmente, 20 a 30 por cento do seu orçamento é gasto na reparação de danos climáticos — uma parcela que só vem aumentando.

Segundo seus cálculos, algo entre 200 e 250 milhões de euros (US$ 220 e 275 milhões) seriam necessários a longo prazo para proteger parques históricos do aumento das temperaturas.

Os danos causados ​​às árvores no Parque Muskauer pelo aquecimento global serão exibidos no dia de portas abertas da propriedade no final de setembro.

Uma oportunidade, segundo Kretschmer, de mostrar que as árvores “não são apenas madeira, mas seres vivos muito mais inteligentes do que nós”.

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