A junta militar em Mianmar, que chegou ao poder ao derrubar o governo eleito em fevereiro de 2021, parece estar em sérios apuros. FOTO DE ARQUIVO: REUTERS

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A junta militar em Mianmar, que chegou ao poder ao derrubar o governo eleito em fevereiro de 2021, parece estar em sérios apuros. FOTO DE ARQUIVO: REUTERS

O chefe da Cruz Vermelha Internacional pressionou o chefe da junta militar de Mianmar por maior acesso humanitário às áreas afetadas pelo conflito no país durante uma rara reunião presencial, informou a organização na terça-feira.

Mianmar está em crise desde que os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi em 2021, desencadeando revoltas armadas em todo o país.

A presidente do CICV, Mirjana Spoljaric, se encontrou com o general Min Aung Hlaing em Naypyidaw na segunda-feira, informou o CICV em um comunicado.

Durante a reunião, ela “defendeu maior acesso às áreas afetadas por conflitos”, disse o documento, sem dar detalhes.

Spoljaric também visitou o estado de Rakhine, no oeste do país, durante sua visita de 5 a 9 de setembro e viu as “terríveis necessidades humanitárias” ali, de acordo com uma declaração do CICV.

Desde novembro, Rakhine tem sido abalada por confrontos entre os militares e o Exército Arakan (AA), que afirma estar lutando pela autonomia da população étnica Rakhine do estado.

Grupos de direitos humanos dizem que tanto os militares quanto o AA estão recrutando rohingyas à força e realizando execuções extrajudiciais contra a minoria.

Uma repressão militar em Rakhine em 2017 forçou centenas de milhares de pessoas da minoria majoritariamente muçulmana Rohingya a fugir para Bangladesh, onde agora definham em enormes campos de refugiados.

A repressão agora é objeto de uma investigação de genocídio no tribunal superior da ONU.

Na semana passada, autoridades de Bangladesh disseram que cerca de 8.000 rohingyas fugiram para Bangladesh em meio a conflitos entre os militares e o AA.

Spoljaric e Min Aung Hlaing “trocaram opiniões sobre os compromissos do CICV em fornecer ajuda humanitária em Mianmar e a necessidade de cooperar com os ministérios relevantes”, informou o jornal estatal The Global New Light of Myanmar.

Em junho de 2021, o então presidente do CICV, Peter Maurer, encontrou-se com Min Aung Hlaing em Mianmar e solicitou que a instituição de caridade fosse autorizada a retomar “visitas e atividades humanitárias” nas prisões de Mianmar, interrompidas pela pandemia do coronavírus.

As discussões sobre a retomada das visitas às prisões pela equipe do CICV “ainda estão em andamento”, informou o escritório de imprensa do CICV à AFP na terça-feira.

Mais de 20.000 presos políticos estão definhando nas prisões de Mianmar como resultado da repressão da junta à dissidência, de acordo com um grupo de monitoramento local.

Em resposta a uma pergunta sobre se Spoljaric havia pedido para se encontrar com a líder democrática detida, Suu Kyi, a assessoria de imprensa disse: “Ainda estamos defendendo a retomada de nossas visitas aos detidos e apoiando suas famílias sempre que possível”.

A situação em Mianmar é “profundamente alarmante”, com confrontos, destruição de infraestrutura e restrições de movimento dificultando o acesso humanitário, disse o CICV em seu relatório referente aos seis meses até junho deste ano.

A “resposta às crescentes necessidades humanitárias continua insuficiente”, acrescentou.

Mais de 2,7 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas desde o golpe, de acordo com as Nações Unidas.

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