Um apoiador segura uma placa com os dizeres “(atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro) assassino da Venezuela”, na chegada do candidato presidencial da oposição venezuelana pelo partido Plataforma Unitária Democrática, Edmundo Gonzalez Urrutia, ao aeroporto militar Torrejon de Ardoz, em Madri, em 8 de setembro de 2024. Foto: AFP

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Um apoiador segura uma placa com os dizeres “(atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro) assassino da Venezuela”, na chegada do candidato presidencial da oposição venezuelana pelo partido Plataforma Unitária Democrática, Edmundo Gonzalez Urrutia, ao aeroporto militar Torrejon de Ardoz, em Madri, em 8 de setembro de 2024. Foto: AFP

A oposição abalada da Venezuela está ficando sem opções para contestar a alegação do presidente Nicolás Maduro de que ele foi reeleito.

O candidato presidencial da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia fugiu para o exílio na Espanha no fim de semana. A líder popular que ele representou nas urnas, Maria Corina Machado, está escondida. Outras figuras da oposição foram presas e Maduro está firmemente no comando da nação rica em petróleo — não mostrando sinais de ceder.

A contestada vitória de Maduro na eleição de 28 de julho é contestada não apenas pela oposição ou rivais geopolíticos históricos, como os Estados Unidos, mas também por aliados de esquerda da Venezuela, como Brasil e Colômbia.

Estes últimos não obtiveram sucesso em seus esforços para ajudar a encontrar uma solução pacífica para a crise.

Dentro do país, há muitos rumores sobre o que a oposição chama de eleição roubada, mas as pessoas fazem suas críticas em sussurros: ninguém quer se juntar às mais de 2.400 pessoas que foram presas desde a votação, incluindo crianças, algumas até mesmo acusadas de “terrorismo”.

Maduro tomará posse para um terceiro mandato em 10 de janeiro e, nos próximos quatro meses, tudo pode acontecer.

Mas, por enquanto, a Venezuela está assim: Maduro e outros herdeiros do falecido líder socialista Hugo Chaves estão cerrando fileiras, a oposição está tentando se reorganizar de alguma forma e o mundo exterior está avaliando como confrontar um Maduro que as sanções e pressões internacionais há muito não conseguem abalar.

‘Varrendo tudo’

O Conselho Nacional Eleitoral, leal a Maduro, proclamou-o vencedor da eleição com 52% dos votos. Isso significa mais um mandato de seis anos no poder para o ex-motorista de ônibus escolhido a dedo por Chávez para sucedê-lo.

A oposição publicou cópias dos registros de votação das seções eleitorais, dizendo que os dados provam que a alegação de uma vitória de Maduro é falsa e que Gonzalez Urrutia venceu por uma margem esmagadora.

O ato de publicar os resultados on-line desencadeou uma investigação pelo governo e acusações de que a oposição se envolveu em conspiração, usurpação de funções e sabotagem.

Enquanto isso, o governo não divulgou registros detalhados da votação para respaldar sua alegação de vitória. Ele diz que não pode, porque o sistema de contagem eleitoral foi hackeado.

Maduro insiste que venceu e, pelo menos em público, descarta qualquer tipo de negociação com a oposição.

“Está claro que o governo não está tentando ceder, pelo contrário, está se entrincheirando”, disse Antulio Rosales, cientista político e professor da Universidade de York, no Canadá.

“É uma estratégia de dominação, de varrer tudo”, disse Giulio Cellini, chefe da consultoria política LOG.

O objetivo, ele disse, é “manter Maduro no poder não importa o custo, porque o custo de abrir mão do poder é ainda maior”.

Após a última eleição da Venezuela, em 2018, Maduro também reivindicou a vitória em meio a acusações generalizadas de fraude. Com o apoio dos militares e de outras instituições, ele conseguiu se agarrar ao poder apesar das sanções internacionais.

Maduro lidera o país rico em petróleo, mas pobre em dinheiro, desde 2013.

Seu mandato, em meio a sanções e má gestão econômica interna, fez o PIB cair 80% em uma década, levando mais de sete milhões dos 30 milhões de cidadãos do país a fugir.

Gonzalez Urrutia, um ex-diplomata de 75 anos pouco conhecido — até agora — disse na semana passada que não estava pensando em se exilar, como fez agora.

Mas para muitos venezuelanos, sua fuga não foi nenhuma surpresa. Ele estava sob tremenda pressão, não apenas do ponto de vista legal — ele desafiou três intimações para comparecer ao tribunal — mas também devido a uma chuva de insultos diários de Maduro, que o chamou de “imundo”, covarde e até nazista.

Machado, o líder muito popular da oposição que foi impedido por tribunais leais a Maduro de concorrer à presidência, agora vive escondido.

Muitos venezuelanos agora se perguntam se ela também fugirá para o exílio.

Protestos eclodiram logo após o anúncio da vitória de Maduro e em confrontos com as forças de segurança 27 pessoas morreram e quase 200 ficaram feridas.

Especialistas dizem que é improvável que os Estados Unidos reajam tão firmemente quanto Donald Trump após a contestada vitória de Maduro em 2018. Na época, o governo americano disse que não considerava mais Maduro como presidente e reconheceu o líder da oposição, Juan Guaidó.

A punição mais recente dos EUA ocorreu no início deste mês, quando apreenderam um dos aviões de Maduro, na República Dominicana. Espera-se agora que os Estados Unidos imponham sanções a membros individuais do governo de Maduro.

Pablo Quintero, também da consultoria LOG, disse que, no curto e médio prazo, o governo Maduro espera governar de forma isolada.

“Eles foram treinados para esse tipo de situação e estão dispostos a suportá-la para permanecer no poder”, disse ele.

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