- O limite será violado pelo menos temporariamente
- Cortes profundos nas emissões podem levar o mundo abaixo do limite
- Descoberta da ONU aumenta pressão sobre os países na cimeira COP30
O mundo não conseguiu cumprir a sua principal meta em matéria de alterações climáticas de limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5 graus Celsius, e provavelmente ultrapassará esse limite na próxima década, afirmou ontem o Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
O relatório anual sobre a Lacuna de Emissões afirma que, devido à ação lenta dos países para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa que provocam o aquecimento do planeta, está agora claro que o mundo ultrapassará a meta central do Acordo de Paris de 2015 – pelo menos temporariamente.
“Isto será difícil de reverter – exigindo reduções adicionais mais rápidas e maiores nas emissões de gases com efeito de estufa para minimizar o excesso”, afirmou o PNUA.
A autora principal do relatório, Anne Olhoff, disse que cortes profundos nas emissões agora podem atrasar quando o excesso acontecer, “mas não podemos mais evitá-lo totalmente”.
O Acordo de Paris de 2015 compromete os países a limitar o aumento da temperatura média global a 2°C acima dos níveis pré-industriais e a apontar para 1,5°C.
No entanto, as últimas promessas dos governos de reduzir as emissões no futuro, se cumpridas, levariam o mundo a enfrentar um aquecimento entre 2,3 e 2,5°C, afirmou o PNUA.
Isso representa cerca de 0,3°C menos aquecimento do que a projeção da ONU há um ano – indicando que os novos planos de redução de emissões anunciados este ano por países, incluindo a China, o principal emissor de CO2, não conseguiram colmatar substancialmente a lacuna.
A China comprometeu-se em Setembro a reduzir as emissões em 7-10% em relação ao seu pico até 2035. Os analistas observam que o país tende a estabelecer metas modestas e a excedê-las.
As conclusões acrescentam pressão à cimeira climática COP30 da ONU, este mês, onde os países debaterão como arrancar e financiar ações mais rápidas para controlar o aquecimento global.
Os objectivos de temperatura do Acordo de Paris basearam-se em avaliações científicas de como cada aumento do aquecimento global alimenta ondas de calor, secas e incêndios florestais piores.
Por exemplo, 2°C de aquecimento mais do que duplicaria a percentagem da população exposta ao calor extremo, em comparação com 1,5°C. Um aquecimento de 1,5°C destruiria pelo menos 70% dos recifes de coral, contra 99% a 2°C.
As políticas atuais – as que os países já implementam – levariam a um aquecimento ainda maior, de cerca de 2,8°C, afirmou o PNUA.
O mundo fez algum progresso. Há uma década, quando o Acordo de Paris foi assinado, o planeta caminhava para um aumento de temperatura de cerca de 4°C.
Mas as emissões de CO2 que retêm o calor continuam a aumentar, à medida que os países queimam carvão, petróleo e gás para alimentar as suas economias.

















